O sufoco do ansioso
Geralmente os problemas me sufocam, me sinto preso dentro da caixinha de sentimentos e sensações que é meu cérebro. Aquela caixinha que alguém dá pra uma criança de um ano brincar, que acaba chacoalhando até descobrir por associação e cansaço que não sai nada dela, enquanto o que tava lá dentro está mais embaralhado que carteado de truco com mão de onze pro time adversário.
Meus problemas tem vida própria, uma vida social movimentada, frequentando vários eventos e socializando todos os problemas uns com os outros. Parece que a revolução que eles fazem com meu psicológico émaior que muita revolução que carta de repúdio acha que proporciona. Eles vão pra rua das más sensações e quebram tudo, fazem discurso, se engajam e soam num eco só. Caramba, pra causar dano e mudar algo meus problemas trabalham muito bem juntos.
Deixando de lado essas analogias, é fato que todos os problemas parecem virar sempre uma grande bola de neve e que só eu consigo enxerga-los do tamanho que são, cabendo somente a mim mesmo senti-los da maneira que sinto.
Eu, ansioso que sou, tenho um medo extremo de externalizar essa angústia toda e ser mal compreendido, de me dizerem que, conforme minhas paranoias acham, esse problema não é tudo isso.
Mas por que meu problema não é tudo isso pra você, se não é você que está sentindo ele, da maneira que EU tô sentindo? Poxa, que sufoco!
Nessas horas que você, amigo meu, percebe e quer me ajudar, mas como você pode fazer isso por mim?
Eu não quero ouvir que eu tenho que ser forte, porque eu me sinto fraco. Por mais que você ache que eu fui forte em conseguir falar dos meus problemas e dos meus medos, antes disso acontecer eles me fizeram criar a sensação de que eu sou fraco, fraquíssimo, me disseram que se eu contasse algo pra alguém eu estaria sendo covarde. Não adianta me falar que eu tenho que ser forte se eu não sei de onde tirar essa força. Eu não quero um amigo coach, eu quero um amigo humano.
Eu quero sua ajuda pra sair dessa prisão de sentimentos ruins, não pra me aprisionar em palavras vazias de conforto. Eu não quero alguém perguntando toda hora como estou, falando que tudo vai ficar melhor, que tem gente em situação pior, que eu tenho coisas belas a agradecer. Minha ansiedade não deixa eu enxergar isso!
Eu novamente, ansioso que sou, quero saber que você está ali, sem precisar ouvir isso todo dia, quero poder falar com você quando minha coragem estiver maior que meu medo de me sentir fraco, quero te abraçar quando meu sufoco diminuir, quero ficar sozinho quando só o silêncio consegue me tranquilizar. Quero ver você quando só sua companhia for meu remédio. Me ajude falando de coisas aleatórias, mas não insensíveis, me ajuda tirar o foco desses problemas imensos com várias coisas pequenas e simples, quem sabe assim eu não consigo descobrir que consigo dividir e diminuir essas adversidades e meus medos? Sorria pra mim. Sua cara e voz de tristeza toda vez que me pergunta como estou me faz achar que meus problemas estão me consumindo até por fora.
Sabe, eu sou muito ansioso mesmo, a ansiedade me consome de vez em quando, ela é louca, e faz a gente parecer louco também.
Por mais que ela me faça me sentir só, às vezes é sozinho mesmo que eu consigo deixar ela de lado. Eu vou te procurar, mas eu vou sumir novamente.
Pergunte como poderia me ajudar, se eu responder que não sei ou que tô bem -mentira-, só me diga que vai estar ali sempre, e que se eu descobrir uma maneira em que você possa fazer algo por mim, que vai me ouvir quando eu precisar.
Esse sou eu ansioso, por mais que eu queira e precise de espaço pra melhorar, você ainda pode fazer parte desse ambiente. É difícil de entender, né? Me sinto sozinho, mas quero ficar sozinho? Me sinto sufocado por meus problemas e me sufoca ter alguém por perto? Essa é minha ansiedade, ela sobe e desce, ela repele e atrai.
Obrigado por tentar me entender.